DBS - Padrão ouro no tratamento de estágios avançados da Doença de Parkinson
Nosso Blog
Publicado em: 23/06/23
Embora possa atingir jovens, a incidência do Parkinson prevalece a partir dos 50 anos. É uma doença neurodegenerativa sutil provocada pela deficiência de um neurotransmissor responsável pela transmissão de sinais na cadeia de circuitos nervosos, chamado dopamina. A deficiência deste neurotransmissor desequilibra toda a circuitaria de neurônios ligados aos movimentos. Os músculos envolvidos em uma ação perdem a sincronia, e isso é percebido, principalmente, nas formas de rigidez, tremores e lentidão dos movimentos. Embora as causas da doença ainda não sejam completamente conhecidas, se entende perfeitamente bem, como os movimentos do corpo são afetados.
Procurar um especialista no início do problema pode fazer toda a diferença. Na presença dos sintomas típicos da doença, o diagnóstico clínico é certeiro. Os exames de imagem apenas comprovam as evidências. Por isso, é importante investigar tremores inexplicados e contínuos. A doença pode se manifestar inicialmente de um lado do corpo. Outros sintomas são a lentidão ao caminhar e em movimentos voluntários, modificação da letra e do padrão de escrita. Um acompanhamento multiprofissional adequado em uma fase inicial da doença (até o quarto ano), comandado por um neurologista clínico é bastante efetivo. Mas sem tratamento, o problema tirando aos poucos a independência do paciente, que começa a precisar de ajuda. Em cerca de 10 ou 15 anos, a doença pode evoluir ao ponto de tornar o portador de Parkinson totalmente limitado nas tarefas do cotidiano. Além do declínio cognitivo, podem aparecer também alterações psiquiátricas e autonômicas severas (hipotensão, incontinência urinária e constipação intestinal) e psicose.
As medicações utilizadas para tratar os sintomas da doença de Parkinson evoluíram muito, mas a levodopa, criada na década de 60, ainda é a principal medicação utilizada para alívio dos sintomas. Essas medicações tem o propósito de repor a dopamina sinteticamente (levodopa) ou inibir as enzimas que degradam esse neurotransmissor (selegilina) e, assim, atingir um nível ideal, reequilibrando o organismo.
Para pacientes em fase intermediária da doença, geralmente após os quatro anos do início, que não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso e para os pacientes jovens com tremores incapacitantes, foi desenvolvida uma cirurgia chamado Estimulação Cerebral Profunda (DBS – Deep Brain Stimulation). Embora não seja curativa, esta cirurgia consegue diminuir os sintomas e hoje é consagrada como padrão ouro de tratamento para o paciente que está em estágios mais avançados da doença.
Neste procedimento são implantados alguns eletrodos em regiões profundas do cérebro, onde for detectado o descompasso na produção de dopamina, provocado pela degeneração e a morte dos neurônios produtores deste neurotransmissor. Estes eletrodos são conectados a um pequeno neuroestimulador muito semelhante a um marcapasso cardíaco, tanto em função quanto em tamanho, que é implantado no tórax do paciente, com a função de liberar estímulos elétricos, tais estímulos levam a uma melhora significativa dos sintomas de rigidez e tremores.